À boleia pela Vida... Viajar por Dentro e por Fora!

Dois meses mudaram toda a minha Vida. Sem esses dois meses e sem as pessoas com quem me cruzei não seria quem sou hoje. Hoje sou viajante! Mais que nunca! Planos para o futuro: Viver os meus sonhos! Fazer o que me preenche. Mostrar ao mundo que é possível viver os sonhos. Sempre!

Tuesday, December 19, 2006

Dia a dia...

Também eu sinto uma enorme vontade de voar.. melhor, de viajar.
Andar calmamente ao som das minhas botas de trekking e simplesmente contemplar à minha velocidade. Sem voo de volta marcado. Simplesmente eu. Claro que agora tenho que lidar com a ideia de solidão que isso me trará.
Também eu quero procurar-me fora. Ainda ontem falei disso. Não tou a fugir, simplemente estou à procura. Sinto que tenho que ir. Agora. Já!
Até lá gozo a minha presença cá. Assisto a concertos. Janto com amigos. Sorrio e disparo gargalhadas. Vejo o meu sobrinho e passo o Natal com os meus irmãos. Porque no Natal seguinte já cá não estarei. Porque no ano que vem a festa de Natal do meu sobrinho não verei. Porque esses amigos vão ficar sem me ver e eu sem os ver por tempo indeterminado. Por isso agarro-me a eles agora. Por isso os quero.
Sim, vou viajar. Sim vou partir. Mas até lá tenho muitos dias pela frente. Dias meus. Dias inrecuperáveis. Hoje que está a ser e ontem q já foi. Por isso o melhor mesmo é arranjar um plano para amanhã.
Por isso estou tão "desleixado" na faculdade. Não estudo, acordo tarde, chego atrasado. Porquê? Porque a minha média já não vai aumentar nem diminuir (a menos que caia um meteorito) e as minhas prioridades são outras.
Depois de almoçar com o meu pai prefiro ficar a ajudá-lo, mesmo que não falemos muito, do que ir para casa para estudar. Porque agora as minhas prioridades são outras. E são essas que eu vou perseguir.
Porque sim, Filipa, eu sou um cidadão do mundo. Mas os que amo estão aqui. E eles vêm comigo. Bem cá dentro
São essas pessoas que me me movem. São essas que me fazem levantar da cama. E serão essas que levarei quando for dormir e quando sair da porta com a mala às costas. Vão todos eles comigo.Levo-os no bolso para a América e para o mundo.

Até lá planeio um pouco e vivo muito. Dia a dia.

Monday, December 11, 2006

Uma pasta preta, uma bicicleta e um gato...

Começa com o calor preto do café sem açucar que aprisiona o hálito para se arrastar envolto no áspero cheiro de Marlboro e Camel. Nuvens de espesso e cinzento fumo que me forçam pelas nainas aqueles que me rodeiam. Aquele cheiro que, depois de morto, o cigarro deixa nos dedos.

Dia de escritório. Café, tabaco, papel quente da fotocopiadora. O elevador apertado e sufocado pelo eau de mérde natural que o porteiro infelizmente não consegue esconder nem às 8.47 da manhã.

Acabara então mais um dia de trabalho. Tarde. Demasiado tarde mas ao menos ao final do dia o único cheiro que resta é o meu. Com esse posso eu bem. Até alivio os sapatos libertando-os dos meus pés. Já se estivesse mais gente à minha volta... Abro a janela e o que era infelizmente meu vai-se. Nota pessoal: chegar a casa e pôr as meias para lavar.

22.30 e volto enfim para casa. Ela vai no metro ao meu lado. Eu volto mas muitos já vão. Será que só eu é que não tolera os cheiros falsos da noite? Fragrâncias, perfumes, colónias... Tudo merda. Merda e falsa! Querem cheirar bem, mudem de roupa e aprendam a cheirar o vosso corpo.

Saio. Brisa fria do calcário do passeio. Cheiro da pedra polida pelos passos e batida pela água. Monto a bicicleta. Ferro frio, aroma de ferrugem e óleo da corrente. Vermelho azulado. Talvez o odor do armário das panelas.
Calço as luvas. Borracha. Aquele cheiro único de uma bola de basket nova. "Cheiro a cavalo" dizia a minha irmã. Cavalo não. Verão desportivo, talvez... Vá.. suado.

Porta de casa. Impressionante como o bairro cheira a sexta-feira à noite depois de uma semana de chuva. O cheiro quase permite sentir a terra entre os dedos depois de se plantar uma árvore.

Entro. Sozinho... ou quase. Ele ver ter comigo. Mia, ronrona... Comida húmida de lata e leite na cozinha. Sempre.
Mas ele não. Ele vem de olhos a piscar e quernte de quem passou o dia a dormir.
Cheiro de corpo parado, acabado de acordar. Qual cheiro de Channel ou Lancôme. Cheiro de corpo.
Esse cheiro ninguém lhe tira. Nem a ele, nem a mim.



(texto redigido no Curso de Escrita Criativa da FCUL.. Apeteceu-me trazê-lo para cá...)

Sunday, December 03, 2006

Always the hours...

- Perhaps you could tell me exactly what you think you are doing?

- What I was doing?

- I went to look for you and you weren't there.

- You were working in the garden, I didn't wish to disturb you.

- You disturb me when you disappear!

- I didn't disappear. I went for a walk.

- A walk? Is that all? Just a walk...
Virginia, we must go home now, Nelly is cooking dinner... She's already had a difficult day. It's just our obligation to eat Nelly's dinner.

- There's no such obligation. No such obligation exists!

- Virginia, you have an obligation to your sanity.

- I've endured this custody! Endured this imprisonment.

- Oh, Virginia!

- I am attended by doctors. Everywhere I'm attended by doctors who inform me of my own interests!

- They know your interests.

- They do not!
They do not speak for my interests.

- Virginia, I can... I can see that it must be hard for a woman of your...

- Of what? Of my what exactly?

- Of your talent to see that she must not be the best judge of her own condition!

- Who then is a better judge?

- You have a history. You have a history of confinement.
We brought you to Richmond because you may have fits, moods, blackouts, hearing voices...
We brought you here to save you from the inevitable damage you intended upon yourself!
You tried to kill yourself twice.
I live daily with that threat.
We set up...we set up the printing press not just for... itself...not just purely for itself
But so that you might have a ready source of absorption and a remedy!
I need to work.
It was done for you!
It was done for your betterment!
It was done out of love!
If I didn't know you better I would call this ingratitude!

- Am I ungrateful? You call me ungrateful!
My life has been stolen from me.
I am living in a town I have no wish to live in. I am living... a life I have no wish to live.
How did this happen?
It is time for us to move back to London.
I miss London.
I miss London life.

- This is not you speaking, Virginia.
This is an aspect of your illness...

- It's me, it is my voice!

- Not you...

- It's mine, mine only...

- It's a voice you hear.

- It is not! It is mine.
I am dying in this town.

- If you were thinking clearly, Virginia, you'd recall it was London that brought you low.

- If I were thinking clearly? If I were thinking clearly...

- We brought you to Richmond to give you peace.

- If I were thinking clearly, Leonard, I would tell you: that I wrestle alone... in the dark, in the deep dark and that only I can know... only I can understand my own condition.
You live with the threat, you tell me. You live with the threat of my extinction.
Leonard, I live with it too.
This is my right.
It is the right of every human being.
I choose not the suffocating anesthetic of these suburbs... but the violent jîlt of the capital, that is my choice!
The meanest patient, just even the very lowest, is allowed some say in the matter of her own prescription. Thereby she defines her humanity.
I wish, for your sake, Leonard, that I were happy in this quietness but if it is choice between Richmond and death... I choose death.

- Very well, London then. We go back to London.
Are you hungry? I'm a little hungry myself. Come along.

- You cannot find peace by avoiding life, Leonard.

... Train to London in platform 1...


in "The Hours"