Missão: contagiar...
Disse-me há tempos uma amiga que eu tenho um Dom.
O Dom de fazer Sorrir. O Dom do contágio. Esse meu dom é a minha Missão. Contagiar o sorriso. Mostrar a liberdade. Mostrar o desapego material. Mostrar a quem quer ver que é fácil ser-se livre. Que é fácil sermos nós, mesmo que das 9 às 5 nos espere o trabalho na caixa registadora do Jumbo ou para o ano tenhamos um mestrado pela frente.
Eu decidi romper. Melhor... decidi mudar! Mudar para o que me preenche. Mudar de rumo quando outros ventos me chamam, como nunca antes.
Mas não foi fácil. É fácil ser livre mas dói. Muito.
Sózinho: dias, horas, minutos, horas, dias. Doeu, sofri e se calhar muitos dirão que não foi nada demais. Talvez não tenha sido mas foi meu. O meu sofrimento.
Sem esse sofrimento não perceberia o que percebo hoje. Não seria quem sou.
There's no sweet without the sour.
Sim, por várias vezes emprestei o que vi a outros. Outros que me dizem: obrigado por me mostrares... Obrigado eu, por me leres e ouvires. Eu só deixo as palavras. Mas as palavras são pedras. Cabe a cada um dar-lhes forma e animá-las. Chupá-las até ao tutano ou descartá-las.
A quem as descarta: talvez um outro veículo, talvez um outro timing, talvez numa outra altura te encontres.
A quem me agradece: obrigado eu.
Decisão: voar!
Destino: incerto..
Comecei por considerar hipóteses mas realmente todo o mundo se me mostrava convidativo.
As frustrantes buscas na Internet de projectos de voluntariado. Milhentos. Custos variáveis. Áreas de trabalho também.
Acabei por me concentrar na América Latina. Motivos?
- A língua. Viajar sem falar com os locais é como estar num autocarro com ar condicionado com mais uma mão cheia de ingleses de calções curtos e meias brancas até ao joelho.
Português? Sim tenho alguma familiaridade com a língua. Espanhol? Pelo que vivi este Verão parece-me que não será problema algum.
- Latinos. Calor.
- Família. Algures nos EUA está família. Família que o amor junta mas um oceano teima em separar. Mas nós contrariamos as placas continentais. Nós estamos cada vez mais próximos.
Umas boleias para cima e lá estou eu.
Retomei então a minha busca, agora geograficamente um pouco mais limitada.
Encontrei uma lista de projectos gratuitos ou de poucos custos na América do Sul. (www.volunteersouthamerica.net).
A busca começou então com mais alento. Mais confinada. Mais centrada e certa. Agora a América Latina. O resto do mundo para depois. Sim certamente que sim. Mas mais tarde. Até à próxima Moçambique. Por lá nos veremos.
Escolhido o continente, passemos então à área de trabalho.
Uma certeza, trabalhar, cooperar e ajudar uma comunidade local. Como? Não sei bem.. Vou ver. Tantas formas possíveis: aulas de Inglês, agricultura biológica, educação sexual e sensibilização para o VIH/SIDA, trabalhar com crianças, etc...
Mas e o que eu gostaria mesmo? Crianças e/ou sensibilização para o VIH/SIDA
Encontrei então uns tantos projectos. Candidatei-me a outros que tais.
Ainda assim tudo é imaterial, insípido, vago. Quase não passam de links atrás de links. Informações, leitura e umas quantas candidaturas. Mas tudo num computador. Sem nada em que agarrar além de um teclado e um rato. Tudo tão... irreal. Meses na Internet agarrado ao monitor.
Foi então que descobri a Casa do Caminho (www.casadocaminhobrasil.org), perto de Xerém, no estado do Rio de Janeiro (Google Earth: 22º35'00.63'' S 43º18'14.10''W). Um orfanato de crianças com passados de violência, abuso sexual, alcoolémia, falta de educação. Um conjunto de crianças que deixou a sua casa em busca de um futuro melhor. Uma equipa de voluntários e funcionários que tem uma só missão: fazer da Vida destas crianças uma Vida melhor. Todos os dias.
Candidatei-me. Recebi respostas com avisos de "Atenção que aqui não há álcool, drogas, tabaco, nada. És e tens que ser um exemplo para as crianças" - Sim Bart, é isso que quero. Essas coisas para mim não fazem falta. "Atenção que isto não é turismo. Não chegas e vais quando queres. Se o projecto é para ti gratuito isso exige comprometimento e entrega." - Sim Bart, é isso mesmo que procuro. Se quisesse turismo passeava por aí. Eu quero ficar e ajudar.
Ficou então em espera um entrevista telefónica. O desafio final. Marcada. Faz-se a chamada. "Olá. Bart?"
Meia hora de conversa. Nessa conversa percebo. Esta chamada determinará tudo. Determinará se conseguirei ou não entrar no projecto. Perguntas, detalhes, respostas. "Será que me estou a esquecer de alguma coisa?", "Será que devia dizer mais alguma coisa?", "É agora ou nunca", "Este telefonema é que vai decidir!"
No dia seguinte, 6 de Janeiro recebo um mail cujo "assunto" é Accepted. 6 meses no orfanato.
Nesse dia abriram a mão e estenderam-me uma oportunidade dizendo: "Queres? Então agarra!"
Só eu posso decidir se quero ou não. Só eu posso avaliar e sentir. Eu e mais ninguém.
Então decidi. Sim!
Vou continuar a minha Missão... mas agora por lá...
4 Comments:
Li-te.
Soltei um grande sorriso e um brilhozinho nos olhos só ao imaginar-te LÁ.
"LÁ" para akelas crianças, k duvido k tenham alguma vez visto o "azul" dos teus olhos (sim azul! por tudo o k transmite..)..
E claro: "LÁ" por ti! K sei k vais adorar e vais dar tudo por tudo.. mais do k pra dar o exemplo, pra dar-te a ti! com toda a magia contagiante.
desejo-te o mlhr nessa missão xeia de luz! =)
[e vai mandando noticias "now and then"]
Adorei o que li. Passo pelo mesmo desespero, mas ainda não tive coragem de largar "tudo" para ir buscar ainda mais. Não sei se consigo. Admiro a tua coragem. Provavelmente estás noutro lugar que não a América Latina... Tudo de bom!
Conta mais!
Visita o meu novo site www.acaminho.com.
Uma parceria com o jornal Expresso de crónicas de viagem sobre o meu trabalho no Brasil e sobre a viagem que está a decorrer.
Boas vidagens,
Miguel Mendes
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