À boleia pela Vida... Viajar por Dentro e por Fora!

Dois meses mudaram toda a minha Vida. Sem esses dois meses e sem as pessoas com quem me cruzei não seria quem sou hoje. Hoje sou viajante! Mais que nunca! Planos para o futuro: Viver os meus sonhos! Fazer o que me preenche. Mostrar ao mundo que é possível viver os sonhos. Sempre!

Monday, December 11, 2006

Uma pasta preta, uma bicicleta e um gato...

Começa com o calor preto do café sem açucar que aprisiona o hálito para se arrastar envolto no áspero cheiro de Marlboro e Camel. Nuvens de espesso e cinzento fumo que me forçam pelas nainas aqueles que me rodeiam. Aquele cheiro que, depois de morto, o cigarro deixa nos dedos.

Dia de escritório. Café, tabaco, papel quente da fotocopiadora. O elevador apertado e sufocado pelo eau de mérde natural que o porteiro infelizmente não consegue esconder nem às 8.47 da manhã.

Acabara então mais um dia de trabalho. Tarde. Demasiado tarde mas ao menos ao final do dia o único cheiro que resta é o meu. Com esse posso eu bem. Até alivio os sapatos libertando-os dos meus pés. Já se estivesse mais gente à minha volta... Abro a janela e o que era infelizmente meu vai-se. Nota pessoal: chegar a casa e pôr as meias para lavar.

22.30 e volto enfim para casa. Ela vai no metro ao meu lado. Eu volto mas muitos já vão. Será que só eu é que não tolera os cheiros falsos da noite? Fragrâncias, perfumes, colónias... Tudo merda. Merda e falsa! Querem cheirar bem, mudem de roupa e aprendam a cheirar o vosso corpo.

Saio. Brisa fria do calcário do passeio. Cheiro da pedra polida pelos passos e batida pela água. Monto a bicicleta. Ferro frio, aroma de ferrugem e óleo da corrente. Vermelho azulado. Talvez o odor do armário das panelas.
Calço as luvas. Borracha. Aquele cheiro único de uma bola de basket nova. "Cheiro a cavalo" dizia a minha irmã. Cavalo não. Verão desportivo, talvez... Vá.. suado.

Porta de casa. Impressionante como o bairro cheira a sexta-feira à noite depois de uma semana de chuva. O cheiro quase permite sentir a terra entre os dedos depois de se plantar uma árvore.

Entro. Sozinho... ou quase. Ele ver ter comigo. Mia, ronrona... Comida húmida de lata e leite na cozinha. Sempre.
Mas ele não. Ele vem de olhos a piscar e quernte de quem passou o dia a dormir.
Cheiro de corpo parado, acabado de acordar. Qual cheiro de Channel ou Lancôme. Cheiro de corpo.
Esse cheiro ninguém lhe tira. Nem a ele, nem a mim.



(texto redigido no Curso de Escrita Criativa da FCUL.. Apeteceu-me trazê-lo para cá...)

1 Comments:

Blogger Calvin said...

gostei mto. fizeste-me sorrir. adoro esta escrita sensorial. adoro os cheiros também. obrigado

4:26 PM  

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