Também eu sinto uma enorme vontade de voar.. melhor, de viajar.
Andar calmamente ao som das minhas botas de trekking e simplesmente contemplar à minha velocidade. Sem voo de volta marcado. Simplesmente eu. Claro que agora tenho que lidar com a ideia de solidão que isso me trará.
Também eu quero procurar-me fora. Ainda ontem falei disso. Não tou a fugir, simplemente estou à procura. Sinto que tenho que ir. Agora. Já!
Até lá gozo a minha presença cá. Assisto a concertos. Janto com amigos. Sorrio e disparo gargalhadas. Vejo o meu sobrinho e passo o Natal com os meus irmãos. Porque no Natal seguinte já cá não estarei. Porque no ano que vem a festa de Natal do meu sobrinho não verei. Porque esses amigos vão ficar sem me ver e eu sem os ver por tempo indeterminado. Por isso agarro-me a eles agora. Por isso os quero.
Sim, vou viajar. Sim vou partir. Mas até lá tenho muitos dias pela frente. Dias meus. Dias inrecuperáveis. Hoje que está a ser e ontem q já foi. Por isso o melhor mesmo é arranjar um plano para amanhã.
Por isso estou tão "desleixado" na faculdade. Não estudo, acordo tarde, chego atrasado. Porquê? Porque a minha média já não vai aumentar nem diminuir (a menos que caia um meteorito) e as minhas prioridades são outras.
Depois de almoçar com o meu pai prefiro ficar a ajudá-lo, mesmo que não falemos muito, do que ir para casa para estudar. Porque agora as minhas prioridades são outras. E são essas que eu vou perseguir.
Porque sim, Filipa, eu sou um cidadão do mundo. Mas os que amo estão aqui. E eles vêm comigo. Bem cá dentro
São essas pessoas que me me movem. São essas que me fazem levantar da cama. E serão essas que levarei quando for dormir e quando sair da porta com a mala às costas. Vão todos eles comigo.Levo-os no bolso para a América e para o mundo.
Até lá planeio um pouco e vivo muito. Dia a dia.